sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

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Ela não é triste. Apenas está triste. Parada no trânsito olhando para o mar. Pensando nas mil possibilidades de fugir para o Hawaii. Ela fica triste por uma longa noite inteira e depois dorme.
E quando acorda, é como se estivesse numa cama elástica que nunca desce, apenas sobe. Ela ri da própria desgraça e se pergunta porque não consegue ficar nesse estado de tristeza por mais de vinte e quatro horas. É incrível a capacidade que ela tem de se reinventar e ser feliz. Tem algum analgésico no suco de frutas dela, na cerveja. Tem um antídoto que a faz esquecer das coisas terríveis que acontecem dentro do seu coração nos dias nublados. Aquela angustia que vem todo mês, por uma semana, ela sabe como apaziguar pra não pirar. Ela deve tomar remédios. Não, não toma. É natural. Nasceu assim. Desde antes, desde sempre. Ela é um zumbi na madrugada e de manhã parece que está sempre em meditação. Ouve essas músicas velhas e tem um sentimento antigo de alguma coisa que não viveu, ou talvez que foi vivido na outra vida. Ela se enrola, se embaraçada com as palavras ditas, gagueja até, mas não cai. E quando cai, desmorona. Mas se refaz no outro dia e sabe bem dar cara pra bater. Ela, às vezes parece meio muda, mas fala pelos cotovelos, quando encontra um bom ouvinte.
Ela gosta do mar e de viajar na estrada...
Ela viaja... e sabe ser feliz.

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