Quando eu era menina gostava de sentar na cadeira da varanda
da casa de minha avó para ver a tarde passar. A tarde é bonita de se parar pra ver. O
sol parece que vai esquentando casa vez mais, mas na verdade, ele está
esfriando a cada hora. Quando criança, gostava de acordar cedo, porém nunca
conseguia, não tinha forças. Por mais que a vontade de levantar cedo para
sentir a melhor hora do dia fosse grande, o sono consumia meu corpo de
criança. A manhã é o momento mais vivo
do dia. O cheiro de terra molhada, da alvorada, é tão poético e simples e puro.
Dá vontade de viver nesse instante para sempre. Tudo poderia ser amanhecer... O
sol surgindo no horizonte, meio tímido por entre as nuvens, me faz lembrar um
tempo em que não existia tempo. Em que tudo era o presente. Presente em todos
os sentidos da palavra. Hoje eu acordo cedo para ver o dia, mas não é mais como
antes. Às vezes aquela sensação antiga me incorpora, quando estou em pé dentro
do ônibus as 7h da manhã de um dia bonito. Mas uma realidade rotineira me puxa
para baixo e me mostra as mudanças que o tempo fez no próprio tempo. Então o
motorista do ônibus freia no sinal vermelho e eu acordo de um sono repentino e
cansado.
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